Tradição

Pensei muito sobre o quê escreveria a respeito de TRADIÇÃO. Na verdade essa “dificuldade” pode ser chamada também de preconceito.

Particularmente essa palavra carrega um tom moralista. Não sei exatamente porque, afinal pode ser usada em tantos contextos... E quem nunca ouviu a frase: “Na minha época não era assim...” ou mesmo “Esse mundo hoje não tem jeito... Está tudo mudado”.Mas é claro que está mudado! E quem pode dizer se é melhor ou pior?

Sinceramente, não sei... E com absoluta certeza não vou responder esta pergunta ao longo deste breve texto e nem pretendo.

TRADIÇÃO na família (ou em família...).O que seria uma família tradicional? Sempre entendi como aquela família que tinha muito dinheiro e era muito conhecida. Minha família não é tradicional neste ponto, mas temos a “tradição” de comemorar qualquer conquista ou novidade juntos! Chamamos os tios, primos, irmãos, cunhados (carinhosamente chamados de agregados!). E festa! E talvez o tradicional na minha família seja o momento do jantar, que ainda sentamos juntos à mesa (quando eu os visito), o momento do café onde decidimos e traçamos as rotas daquele dia, e outros detalhes que não percebo existir em outras famílias.

Mas pensando em outro assunto, delicadíssimo: religião. Em partes, temos uma moral fortíssima em qualquer religião, igreja, templo. E qual é o limite entre tradição e moral neste assunto? Não sei! Tantas crenças, rituais, costumes, duvidas a serem pensadas, estudadas que sinceramente me perco. Quem não se perderia? E muitas vezes não entendemos certos pontos, pois não fazemos parte daquilo.

Presenciei e participei de uma conversa dias desses e refleti muito sobre ela; me fez pensar em um bocado de coisas que vou tentar descrever.

Uma colega cabeleireira (sim, eu estava em um salão...) comentava comigo sobre como o Museu Paulista, conhecido com Museu do Ipiranga, estava “largado”. Ao comentar sobre a atual situação do Museu, me chamou a atenção o cuidado e emoção que ela carregava quando se referia ao Museu como parte de sua história. Ela viajava em excursões escolares, e mesmo com parentes, e se encantava com os móveis, com o jardim (quem não se encanta?) e com os segredos e mistérios que abarcam o Palácio, se referindo às histórias de Dom Pedro e da Marquesa de Santos. Falava dos cômodos e de como ela se sentia vendo a cama de Dom Pedro à sua frente e imaginava como teria sido viver naquele tempo. Emocionava-se em estar perto daquele móvel que contava história...

Percebi que realmente ela possuía uma relação, ao menos, interessante, com aquele museu. E eis que ela soltou: “Fez parte da minha história”.Pronto, era o que eu precisava... Repetia essa frase na cabeça, tentando mergulhar naquele sentimento. Não consegui, claro!
Saí do salão pensando que na verdade quantas coisas “tradicionais” fazem parte da história? E pode ser de uma história pessoal, por que não?

E poderia escrever sobre mais e mais coisas. Na verdade o que penso é que realmente as coisas estão mudando. Na minha época também era diferente. Tudo era diferente. Então, vamos nos adaptando, vivendo, sobrevivendo.Se é moral, tradicional, o que importa?

Thaís Mamprim

3 comentários:

Carú Camin

Entendo o que diz sobre TRADIçÃO e TRADICIONAL. E concordo que o tradicional nem sempre é bom! Por exemplo, comemorar o Natal é uma tradição, mas a festa, para ser divertida, não precisa ser tradicional!!! Eus ou do tipo de pessoa que precisa de um pouco disso, um pouco de costumes... não abriria mão disso para viver acada dia uma experiência nova. Sei la!

Anônimo

Foi interessante ouvir as histórias que relatei por essa "confusão" que as vezes podemos ter ao pensar sobre esse assunto.

Paulinha

Parábens, pela delicadeza da descrição das tradições que você considera como boas!