Apontamentos para futura tese - ou p/ msg d texto / ainda ñ decidi

§ Não somos mais eternos. Derrubamos árvores, a taxa de natalidade está diminuindo em muitos países e não publicamos livros. Mas escrevemos blogs.

§ O narrador de Walter Benjamin: “O narrador retira da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros.E incorpora as coisas narradas á experiência de seus ouvintes”.

§ O livro como suporte da linguagem escrita é invenção recente; antes havia escritos, mas a idéia de livros feitos em série e resguardados do tempo é invenção da imprensa.

§ A revolução cultural da internet é tão ou mais importante quanto a galáxia de Gutenberg.

§ O processo narrativo se fez nas culturas como modo de preservar a memória, acontecimentos modelares. Informação, por seu caráter efêmero e explicativo, se afasta da idéia tradicional de narrador.

§ A proliferação de mídias eletrônicas transforma toda experiência em fatos consumíveis, que se queimam na fogueira da utilidade imediata. Ainda Benjamin: “contar história sempre foi a arte de contá-las de novo e ela se perde quando as histórias não são mais conservadas”

§ O iluminismo teve a repercussão que desejava graças a imprensa e o meio mais rápido de difundir conhecimento. Desde então, o mundo mudou, novas descobertas nos campos das ciências naturais e humanas, a filosofia se desdobrando em seus paradigmas tradicionais, maior número de pessoas alfabetizadas.

§ O número de blogs é impressionante, bem como sua diversidade. Há desde páginas de casais vouyers a conteúdos humanistas. Filósofos têm blogs, educadores têm blogs, artistas têm blogs. Bibliotecas inteiras estão disponíveis virtualmente. Uma nova forma de comunicação, de alcance, poderia ser vista como uma espécie de iluminismo moderno, mas sem projeto?

§ Baudrillard: “A simulação já não é a simulação de um território, de um ser referencial, de uma substância. É a geração pelos modelos de um real sem origem nem realidade: hiper-real”. O uso dos blogs, em alguns casos, com suas utilidades de diário, registram uma sinceridade que, antes muito íntima, se torna pública. Sinceridade hiper-real, onde é fato, onde invenção?

§ Todo blog é aquilo que previa Umberto Eco para as expressões de signos na modernidade: obras abertas. Um post novo, uma nova informação, que pode ou não complementar a anterior. Nunca um autor esteve tão próximo e tão distante de seus leitores. Pode-se comentar o escrito ou a imagem imediatamente; pode-se nunca ver o rosto de quem postou ou comentou.

§ Quando o rádio se popularizou no começo do século passado, acreditou-se no fim da imprensa. Com o advento da internet, acreditou-se no fim do livro. Entretanto, com tantas páginas eletrônicas, blogs, twiters, downloads, é cada vez maior o número de livros e revistas impressas. Se o jornal diário tem seus leitores deslocados para net, muitas mídias informativas surgiram na imprensa: coletâneas, antologias, revistas especializadas. Aí estão os concursos literários que mostram isso. O livro não é mais o detentor do conhecimento.

§ no aguardo / deus nos livre / e guarde // de acabarmos / nos livros / bem guardados – (eu mesmo)

§ Porém, “os livros são objetos transcendentes / mas podemos amá-los do amor táctil / que votamos aos maços de cigarro (caetano veloso)” . Como fazer isso com a abstração que é o texto virtual?

§ Com mudanças tão rápidas de informações narrativas dos blogs pessoais, lembranças perdidas no limbo virtual, como fica a memória? Alguns pensadores, inclusive o próprio Walter Benjamin, apontaram para a morte do narrador, devido à falta de experiências coletivas. Tese: talvez não há morte do narrador, mas apenas outro modo de narrar. Com esta outra forma, então, surge um novo conceito de memória, a memória dos links.

:- / Tadeu Renato

1 comentários:

Anônimo

Eu também prefiro os livros...como é bom olhar,tatear, ler, e reler e ler, e reler tudo de novo quantas vezes desejar...E guardamos e-mails para lermos quantas outras vezes quisermos?Acho dificil quem consiga.

Thaís Mamprin