Um breve panorama do que é a cibercultura

(baseado na obra de Pierre Lévy - CIEBRCULTURA)

“A vida na tela é uma vida desencarnada, uma existência virtual em que as normas sociais e as leis da física não se impõem necessariamente, motivo pelo qual os relacionamentos online inebriam e viciam tanto... Da mesma maneira que a versão de um livro para o cinema, a versão real do eu de um indivíduo online só desaponta, simplesmente porque os códigos e as convenções de espaço e tempo tolhem demais o poder da imaginação” .

(Read Mercer Schuchardt – O que é a Matrix – A Pílula Vermelha: Questões de ciência, filosofia e religião em Matrix)


Visitar o Louvre, comprar um artigo de colecionador de peças da Segunda Guerra Mundial, divulgar sua musica, conhecer alguém, denunciar a marca de iogurte que prometeu a regularidade do seu intestino, conseguir um emprego, fazer uma graduação, decidir o final da novela, acompanhar a eleição do presidente estadunidense, tudo isso e mais um infinito de possibilidades que independem dos fatores físicos humanos.

Espaço, tempo, meio e mensagem. A relatividade dessas esferas no mundo contemporâneo desponta um novo cenário das relações e comunicações: A cibercultura.

Dizemos então que cibercultura nada mais é do que a digitalização da informação. E que graças a essa informatização o trabalho humano tendencia a deslocar-se cada vez mais para o inautomatizável, ou seja, a criatividade, a iniciativa, a coordenação e a relação. Dizemos inclusive que essa mobilidade de receber e transmitir informação contribui para o reencontro e a reconexão da humanidade consigo mesma.

(baseado na obra de Pierre Lévy - CIEBRCULTURA)


Hoje, todas as grandes cidades do planeta são como diferentes bairros de uma só megalópole virtual. Um computador e uma conexão telefônica dão acesso a quase todas as informações do mundo. E como na origem, só que em outra escala, a humanidade volta a ser uma só sociedade: A sociedade cibernética, que quebra barreiras e ultrapassa fronteiras em questão de segundos.

Ouçam:

“Antes mundo era pequeno / porque Terra era grande

Hoje mundo é muito grande / porque a Terra é pequena /

do tamanho da antena parabolicamará...”

(Parabolicamará - Gilberto Gil)

“Eu quero entrar na rede pra contactar

Os lares do Nepal, os bares do Gabão

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar”

(Pela Internet – Gilberto Gil)

O que gera o mundo interconectado

A comunicação interativa e coletiva é a principal atração do ciberespaço. O cibernauta pode escolher num conjunto mundial muito mais amplo e variado, não criado pelos intermediários tradicionais. Ou seja, as fontes de informação não são mais ou não estão mais no centro do processo, como numa redação de um telejornal. As fontes estão espalhadas, estão e são periféricas. Somos todos capazes de gerar e questionar informações (vide nosso próprio Blog). Seria a internet uma saída?

Isso levanta, imediatamente, questões relativas à autenticidade das informações. Ora, numa boa lógica comunicacional, quanto mais há concentração ou monopólio dos meios de informação, mais há risco que se estabeleça uma verdade “oficial” de interesses. Então sim, a internet pode ser uma saída. Cabe ao internauta criticar a informação que vem sendo recebida. É tempo das vozes minoritárias serem ouvidas.

Além dessa, se é que posso já chamar de liberdade de expressão, a cibercultura nos parece ser a chave para uma sociedade mais justa e integrada. Mas será que com avanço tecnológico o homem ainda se permite estabelecer relações tipicamente humanas? A integração fica só no plano virtual? Até que ponto a máquina cumpre apenas seu papel de máquina? Até que ponto o mundo virtual não nos faz enxergar a realidade e sair de trás de uma tela para vivenciar os problemas? Até onde vai nosso controle sobre as máquinas? Até que ponto as relações humanas estão comprometidas? E finalmente, até onde não existem fronteiras?

Assistam: Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá, de Silvio Tendler

Ana Carolina

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